::: Home  ::: Media  ::: CV.Linkedin  ::: Blog  ::: Tese Mestrado  ::: Contacto      Português | English


 

6 - Conclusões

6.1. Conclusões do Trabalho

A resposta para o futuro da indústria de televisão encontra-se algures entre o novo televisor "activo" e as várias plataformas de distribuição de vídeo. Apesar do consumo de vídeo se tornar expressivo através do computador ou do telemóvel, o televisor continuará, nos tempos mais próximos, a ser o principal equipamento de consumo. Estará ligado à rede e permitirá o acesso a um infindável mundo de conteúdos. Permitirá também interacção, não só entre o utilizador e as suas redes sociais, mas também com a estação de televisão que lhe poderá dar muito mais do que um consumo passivo de vídeo, tirando partido de serviços interactivos e aplicativos próprios com acesso a mais conteúdos multimédia.

Serão vários os equipamentos de consumo, várias as plataformas, as formas de distribuição e consumo. Através de broadcast, VOD ou qualquer outro canal de distribuição, o conteúdo será a marca da diferença. A indústria de televisão terá de saber adaptar os seus conteúdos à nova realidade, indo ao encontro das características de cada equipamento, canal de distribuição e forma de consumo. A fragmentação da audiência será uma realidade. Será, por isso, fundamental marcar presença nas várias plataformas onde está o consumidor e onde querem estar os anunciantes. A tecnologia não sobrevive sem conteúdos. Com conteúdos de qualidade e marcas de confiança a indústria de televisão apresentará vantagens competitivas para vencer no novo ambiente.

O fim da televisão é muitas vezes equacionado. É, no entanto, necessário não confundir o canal de distribuição com o conteúdo. O que prende o público ao televisor são os conteúdos, se chegam através do ar ou de um cabo é irrelevante. A motivação da audiência está no seu interesse pelo conteúdo e as empresas de televisão têm o know how adquirido ao longo de décadas de produção de entretenimento e de informação. Têm a capacidade e a experiência de fazer com que eventos socialmente relevantes cheguem a milhões, por exemplo, competições desportivas, eventos políticos ou sociais, mas têm também a capacidade de influenciar a sociedade e criar elas próprias eventos que atraem audiências e se tornam social e culturalmente relevantes. Entre estes eixos, as empresas de televisão serão capazes de continuar o seu caminho. Poderá não ser através do televisor. Poderá até um dia deixar de fazer sentido o nome televisão, mas estão bem posicionadas para continuar a levar entretenimento e informação ao consumidor. Com o início da televisão muitos previram o fim da rádio e do cinema. Muitas décadas depois ainda persistem. Mudaram os seus conteúdos e adaptaram-se ao novo meio.

A nova era da televisão multiplica a complexidade da gestão do negócio. Será necessário distribuir através de vários canais, avaliar distintos modelos de negócio, lidar com várias formas de mensurar as audiências, inventar novos formatos de publicidade e formas de obtenção de rendimentos. O controlo de gastos, a eficiência nas operações e a eficácia na obtenção de rendimentos serão factores chave no negócio. Para os alcançar será necessário ter a informação certa em tempo útil e atenção aos indicadores para agir e decidir.

A indústria de televisão tem evoluído pouco nos conceitos e modelos de gestão. Viveu muitos anos confortavelmente à sombra da licença de emissão. Esta, no entanto, deixará de se apresentar por si só como uma vantagem competitiva podendo o consumidor, por exemplo, fazer zapping entre canais broadcast e outros emitidos via Internet aos quais o seu televisor acederá directamente.

Identificado e apresentado o novo contexto, este trabalho propõe um novo modelo que sugere uma reorganização das empresas, retirando o focus do tradicional canal de emissão e colocando-o nos conteúdos. Centradas sobre o broadcast as empresas não serão capazes de responder às novas exigências do mercado. Este trabalho procurou identificar os eixos de análise críticos para o negócio, capazes de revelar as fontes geradoras ou destruidoras de valor e apontou soluções para a afectação e reconhecimento de rendimentos e gastos, com o objectivo de sistematizar um quadro conceptual que compõe as bases para um modelo de avaliação da performance financeira por segmentos, capaz de responder aos desafios da nova era da indústria de televisão. Relativamente às métricas de avaliação de performance financeira, propõe-se a margem de contribuição residual (MCR) como método de apuramento do valor financeiro gerado para o negócio (considerando a dedução do custo de capital) para os centros de responsabilidade e a margem de contribuição (MC) para os restantes segmentos sem responsabilidade sobre activos económicos.

Neste novo contexto, repleto de novas variáveis, o controlo de gestão terá de desempenhar um papel fundamental no apoio ao gestor. Terá de assumir a responsabilidade pelo painel de navegação do negócio, definindo e controlando os indicadores de performance relevantes para a implementação da estratégia e alcance das metas.

Como resultado da implementação do modelo proposto é apresentado, no anexo deste trabalho, um modelo de reporting, que pretende ilustrar um painel de navegação capaz de dar resposta às necessidades de informação das empresas do sector.


6.2. Limitações e Oportunidades para investigação futura

A abrangência do estudo e a opção pela orientação para o futuro acabaram por limitar a profundidade de cada um dos temas abordados. Temas como o tratamento contabilístico dos programas ou o controlo de gestão em televisão poderiam ser alvo de uma análise e estudo mais específico. No entanto, estas temáticas foram abordadas numa óptica de introdução dos seus principais aspectos e por serem consideradas como componentes fundamentais para a elaboração e compreensão do modelo proposto.

Com vista à melhoria da informação para a gestão e ao aumento da eficiência nas empresas, conceitos como preços de transferência interna (PTI) e o custeio baseado nas actividades (CBA) assumem-se como relevantes para um estudo futuro.

Este trabalho poderia também constituir a base para a implementação de uma solução de business intelligence (BI). Para a concepção de uma solução de BI verdadeiramente capaz de acrescentar valor à informação para a gestão, será necessário que esta se baseie nos eixos críticos de criação de valor para o negócio e esteja alinhada com a estratégia da empresa. Uma solução de BI sem um estudo prévio semelhante ao apresentado neste trabalho e uma implementação das necessárias alterações no modelo de contabilidade de gestão, poderá resultar num mero conjunto de mapas desarticulados com as dimensões e segmentos relevantes para o negócio e sem um verdadeiro interesse estratégico.

O modelo apresentado é globalmente orientado para as empresas do sector. Sendo um modelo genérico não responde às necessidades específicas de uma empresa, situação para a qual seria necessária uma avaliação. Para alcançar os seus objectivos, o modelo de controlo de gestão terá de ser adaptado, não apenas de empresa para empresa, como também ao longo do tempo.

Pensar o futuro da indústria de televisão, tal como o futuro de qualquer sector, será sempre um exercício inacabado e incompleto. Sendo fundamental imaginar o futuro, avaliar oportunidades e ameaças, esta é uma área de estudo que constitui por natureza uma oportunidade e um desafio.



 
Projecto Mestrado
Clique para abrir a versão integral da tese/projecto de mestrado.

Modelo Reporting TV
Modelo de Reporting Financeiro por Segmentos para TV - Anexo do projecto.

Apresentação Projecto
Apresentação do Projecto.




nunofonseca.com - Todos os direitos reservados.